Ele é o menino que brinca com a turma, é aquele que brinca sozinho. Ele é o que se embriaga da amplidão e liberdade que sente através do fio da pipa que cabriola nas alturas… É o menino tímido que se esconde no alto da torre do seu castelo e olha tristemente para baixo, vendo a garotinha linda sendo conquistada pelo menino maior, audaz e corajoso, que se exibe andando na corda bamba, nas pernas de pau… Ele é aquele que se concentra todo na quicada decisiva da bolinha de gude, e é o que se perde na velocidade da patinete.
Eis o segredo da contagiante expressividade das crianças de Ricardo Ferrari. É que ele vive cada momento delas; melhor, ele sente com elas, à medida que as vai materializando na tela. Exatamente como Monteiro Lobato fazia na literatura. Clássicos, ambos, que na verdade, entenderam, intuitivamente, as famosas palavras de Cristo: “Das crianças é o reino dos céus, e não o alcançareis se não vos tornardes como elas”.
A criança é eterna.