A exposição “Lorenzato – A Simplicidade da Beleza”, é um mergulho profundo na obra de Amadeo Luciano Lorenzato. Com 89 trabalhos reunidos em núcleos temáticos como paisagens urbanas, céus, pores do sol, cenas cotidianas e domésticas, figuras humanas, abstrações e naturezas-mortas, a mostra revela a riqueza e sensibilidade do olhar do artista.
Entre as montanhas e a poeira vermelha da jovem capital mineira, Amadeo Luciano Lorenzato desenhou sua vida como quem pinta paredes — com mãos firmes e olhos atentos aos detalhes escondidos. Filho de imigrantes italianos, nasceu em Belo Horizonte no ano de 1900 e, já aos dez anos, sujava as mãos com tinta, ajudante de pintor, aprendiz da cor e da textura.
Em 1920, cruzou o oceano com a família rumo à pequena Arsiero, na Itália, ali, as ruínas os escombros da guerra exigiam reconstrução — Lorenzato dedicou-se ao trabalho como pintor de paredes, entre andares inacabados e fachadas lavadas de sol, começou a moldar seu olhar. Em Vicenza, estudou na Reale Accademia delle Arti, onde a arte deixou de ser apenas ofício e tornou-se linguagem.
Mas a verdadeira escola foi a estrada. Em 1928, partiu de bicicleta com o artista holandês Cornelius Keesman, atravessando fronteiras como quem atravessa telas: Áustria, Eslováquia, Hungria, Bulgária, Turquia. A cada parada, novos tons, novas paisagens e novos rostos surgiam.
Chegou a Paris, trabalhou na montagem dos pavilhões da Exposição Internacional Colonial, e retornou à Itália antes de regressar ao Brasil, em 1948. No chão natal de Minas Gerais, voltou ao ofício de pintor de paredes, profissão que conhecia como poucos. Mas foi um acidente, em 1956, que o afastou dos andaimes e o empurrou de vez para o cavalete.
Silencioso e autodidata, Lorenzato pintava com a alma de quem já viu muito e ainda se encantava com o simples: ruas, casas, morros, trabalhadores — cenas banais que, sob suas cores, ganhavam densidade poética. Suas obras nasceram de memórias e observações, com pincéis improvisados e tintas preparadas à mão, sobre papelão ou madeira. Na década de 1960, seu trabalho foi descoberto por Sérgio Maldonado, que levou seu nome a Palhano Júnior. Em 1967, realizou sua primeira exposição individual — um reconhecimento tardio, mas inevitável.
Lorenzato morreu em 1995, em Belo Horizonte, deixando um legado que é ao mesmo tempo singelo e monumental. Um viajante da arte, que percorreu o mundo para pintar o quintal de casa com olhos estrangeiros e coração brasileiro.
Entrada Gratuita, funcionamos nos horários: terça, quarta, sexta e sábado, 10h às 18h30, quinta, 12h às 20h30, domingo e feriados, 10h às 16h30.