Séries de Inimá: Natureza Morta e Composição

Tal postura alinha-se com o fato de pensá-lo a partir de suas múltiplas identidades construídas e representadas em seu trabalho ao longo do tempo: o retocador de fotografias, o artista autodidata, o retratista, o pintor de paisagens, o mestre das cores, o fauve brasileiro (…)

Nessa primeira mostra, a escolha pelo gênero da natureza morta e composição se faz presente para sustentar o pensamento curatorial. A partir dessa perspectiva, entende-se como natureza morta a construção de uma sensibilidade específica a partir da representação de objetos ligados a uma ideia de vida privada ou de lugar.

Através do trabalho pictórico do artista é possível identificar genealogicamente as construções simbólicas por ele realizadas. Cajus, peixes e lagostas, por exemplo, estão relacionados a uma ideia de litoral que, automaticamente, se opõe a ideia de sertão ou de interior que estão presentes em outras obras.

Nesse caso específico, surge no tratamento cromático da pintura elementos como o uso do branco como cor e do azul em tonalidades mais abertas. Observa-se também, a conexão desses objetos citados com o que está lá fora: o mar, a paisagem além da janela e a abertura para outro espaço ou dimensão.

A preferência por tons mais quentes em outros quadros contribui para a construção de uma ideia de tropicalidade, que é reforçada pelos próprios elementos escolhidos para compor o quadro: bananas, maracujás, mangas e certa presença da natureza verdejante a espreita.

Em outra série de quadros, é possível observar elementos ligados ao cotidiano do artista, o ateliê, algumas jarras, bules e utensílios domésticos simples que corroboram com a ideia de uma pessoa humilde e discreta, sem muita vaidade ou sofisticação para além do trabalho artístico, como ficou conhecido Inimá.

Dessa forma, foram escolhidas vinte e quatro obras para compor o espaço. Vinte e três delas identificadas com o gênero em questão; Apenas uma – e que inicia a exposição – trata-se de uma palheta do artista emoldurada, no qual transforma-se em objeto presente no espaço privado como também, ferramenta de trabalho para a construção de representações sobre esse mesmo universo.