Exposição Prospectiva – Carlos Vergara, de 06 de outubro a 20 de fevereiro.

 

PROSPECTIVA é um olhar para a frente do celebrado artista brasileiro – um dos grandes nomes da Nova Figuração -, que tem relação antiga com Minas Gerais e apresenta trabalhos inéditos, a partir de 06 de outubro, em Belo Horizonte.

 

No início de sua carreira, na década de 1970, por meio do amigo Frans Krajcberg, o gravador, fotógrafo e pintor Carlos Vergara conheceu, na cidade de Rio Acima, em Minas Gerais, o que seria até os dias de hoje a base do pigmento que usa em suas criações. “Sou discípulo de Mestre Ataíde, o inventor da pintura no Brasil”, faz questão de dizer o artista. Em “PROSPECTIVA”, porém, sua mais recente exposição, a ideia é “olhar para a frente, viver o presente e propor através do trabalho, e do encontro com o público, novas possibilidades e perspectivas”. A mostra será aberta ao público a partir de 06 de outubro, no Museu Inimá de Paula, trazendo grandes obras do gaúcho radicado no Rio de Janeiro.

Entre as principais está o maior conjunto de painéis de Vergara, de 5,70m X 5,70m cada, feitos a partir de monotipias no Cais do Valongo – antiga zona portuária do Rio de Janeiro, reconhecida pela UNESCO por sua importância histórica, por ser o local onde cerca de 900 mil africanos escravizados chegaram à América do Sul -, e nos trilhos do bonde do Santa Teresa carioca, onde mantém seu ateliê. “A imagem dos trilhos é sempre eloquente pra mim. Em 1950 visitei a Bienal de São Paulo de bonde. Ia muito de bonde do Jóquei para o Bar 20, no Rio de Janeiro. Hoje os bondes infelizmente circulando somente nos arcos da Lapa, até os Prazeres, Santa Teresa tem esses desenhos dos trilhos que são incríveis e sempre me vêm à cabeça. Deste que é o bonde elétrico mais antigo do Brasil”, relembra Carlos. “O museu precisou adaptar as paredes para comportar os quadros da série que dá nome à exposição”, conta a diretora Claudia Tunes, animada com a primeira mostra de um artista convidado após a reabertura do espaço.

 

 

 

Outros destaques são a série “Sudário”, com monotipias colhidas em sua viagem ao sul da França em 2019, quando percorreu o caminho do sagrado feminino, que teria sido trilhado pelas três Marias – Maria Madalena, Maria Jacobé (ou Jacobina, mãe de Tiago) e Maria Salomé – e Santa Sara, a escrava egípcia que se tornou padroeira dos ciganos, em fuga dos romanos – “não é um projeto cristão ou antropológico, esses lugares todos têm sinais do inefável, do sagrado. Não estou atrás de religião”, esclarece -; “Natureza Inventada”, onde apresenta dez esculturas em aço corten e duas pinturas; e “Empilhamento”, uma grande coluna formada por bonecos de papel kraft e papel enrugado, empilhados como uma torre de babel. Em sua primeira individual no Museu Inimá de Paula, Carlos Vergara apresenta mais de 80 obras, sua maior exposição em Minas Gerais. “É uma exposição densa, feita intensamente e que homenageia Minas Gerais”, conta o artista, que em novembro completa 80 anos.

 

 

Vergara é um dos principais representantes do movimento da Nova Figuração no Brasil. Em 1963 expôs na Bienal de São Paulo pela primeira vez. Dois anos depois, participou da mostra Opinião 65, considerada um marco na história da arte brasileira. Em 1969 foi convidado para a X Bienal de São Paulo, conhecida como a Bienal do Boicote, por conta da recusa na participação de diversos artistas em reprovação ao Ato Institucional n.5. Pintou premiados painéis pelo mundo, em cidades como Paris, Nova York, Cidade do México, Madri, Genebra e Tóquio, entre outras. Em 78 teve o livro “Carlos Vergara” editado pela Funarte como parte da coleção Arte Brasileira Contemporânea. Vergara também já levou a sua arte para a Bienal de Veneza (1980), Lisboa e dezenas de outras cidades no Brasil e no mundo.